09/01/2013

Caminhada


Hoje li um texto postado pela dirigente da casa espiritual em que trabalho, era um relato de um irmão de fé, uma pessoa que inicialmente era da assistência. Para quem não sabe o que é assistência explico. As casas espirituais, centros espíritas ou simplesmente terreiros de Umbanda tem como objetivo receber as pessoas que até lá chegam, umas em busca de ajuda para solução de seus problemas, essas pessoas fazem parte da grande maioria, outros buscam conforto, um abraço, carinho ou uma orientação, algumas ainda só querem ouvir, simplesmente ouvir ou ainda agradecer. Essas pessoas fazem parte da assistência, são assistidos assim pelas “Entidades” que ali trabalham e juntos, assistência e entidade buscam sua evolução. O médium é um canal de ligação entre os dois lados.
Eu, como o irmão do texto que li também já fui da assistência, mas talvez eu faça parte de uma pequena parcela de pessoas que vão a um centro espírita para conhecer e buscar o seu caminho sem muitas vezes saber exatamente o porque de estar ali.

Nasci em uma família católica, como a maioria de nós. Fui batizada, frequentei igrejas. E sempre desde pequena gostei de ler, a leitura me levava a mundos a serem descobertos, em cada história podia ser um personagem diferente, uma aventureira, uma rainha, uma sereia.
Sempre acreditei em Deus, mas conforme fui crescendo e me tornando adulta minha mente foi sendo povoada por uma enxurrada de dúvidas. Como um mundo, como a Terra foi criado em 7 dias? De onde vem a humanidade e o mais intrigante para onde todos iam ao morrer?

Comecei a questionar intimamente como Deus poderia ter nos criado, nos dado a vida e ao morrer tudo acabar. E se não desse tempo de fazer tudo em uma única vida. Por que uns morriam muito jovens? Muitas por quês me assolavam. Não, Deus era perfeito aos meus olhos então eu precisava de respostas. O tempo passou e como nada é por acaso a paixão pela leitura me levou a um romance, mas não qualquer romance era um romance espírita. Ali muitas das minhas dúvidas foram sanadas, mas eu queria mais, queria descobrir qual era o meu papel no mundo, por que o Pai me criou? Uma vida é pouco perto da eternidade.

Fui ai que conheci o Kardecismo e com ele muitas coisas foram esclarecidas, mas a responsabilidade pelos meus atos começou a pesar, a lei do retorno, a reforma íntima. Por quase uma década me bastou o aprendizado trazido por Allan Kardec. Porém em algum momento da minha existência havia me comprometido a ir buscar conhecimento e a me fazer instrumento de caridade. Dai de graça o que de graça recebestes, aprendi nos ensinamentos de Kardec essa máxima. 

Foi então que através da minha mãe, a pessoa que me levou por essa estrada que tanto queria desbravar que conheci a Umbanda. Diferente do texto que li, não fui buscar ajuda consolo, mas sim respostas. A primeira impressão foi de medo, o som dos atabaques soavam junto com as batidas do meu coração, achei que fosse saltar pela boca, tamanho o desespero. Quando as cortinas se abriram, um alívio, os médiuns de branco, um lindo altar com Jesus de braços abertos e não crucificado como o conhecerá nas igrejas.

Oxalá, assim o chamavam, as “músicas” começaram, as danças, giras, cada médium vestido de um branco alvíssimo que contrastava com os “colares” coloridos....contas grandes, pequenas, eram as guias de seus caboclos e Orixás. Alívio ao ver que nada do que pensei que acontecia em um terreiro realmente existia, pelo menos não ali, não vi sacrifícios, rituais. Vi pessoas se entregando a caridade. Quando chegou a minha vez, a consulta, o médium, já tomado pelo guia me olhou e disse : Por que esta com essas butucas (olhos) tão arregalados fia? Eu olhei e disse, não é nada. Ai ele: O que posso fazer por você fia? E eu...inocente: Nada, vim conhecer.

Fui chamada para o desenvolvimento e depois de anos no kardecismo era praticamente impossível me imaginar rodopiando sem controlar meu corpo. Mas foi exatamente o que aconteceu.
Isso foi em 07 de Agosto de 2009 e hoje me vejo de branco, com o pescoço marcado pelo peso e responsabilidade das guias que carrego. 

Mas não pedi nada, comecei como muitos, na assistência, mas nunca pensei que se vestisse o branco teria promoções. Ser umbandista não é fazer carreira, hoje sou cambone, amanhã serei o super médium. Não, não pedi e nem esperava nada disso. Eu só queria estar ali.

E ali estou até hoje, a minha caminhada se deu assim, sem pretensões, sem olhar o irmão do lado e ficar pensando porque disso ou aquilo, sem cobiçar, sem querer dar o passo maior que as minhas pernas. Perfeita? Não, estou longe disso, estar de branco não me faz melhor do que você, só me faz lembrar que tenho um compromisso e que em algum momento de minha longa existência o Pai foi misericordioso, pois me fez ir procurar a minha espiritualidade por amor e não pela dor.
Continuo caminhando e se você que esta lendo esse texto e se sente perdido, com dúvidas faça como eu, seja humilde e procure o seu caminho. 





























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Rita Ramos

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